quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Eis o fim dos meus anos dourados.

Bem-vindo à sua vida
Não há volta
Mesmo enquanto dormimos



– Sorria Joan, está dando adeus a esse inferno. – Leonarda falou enquanto arrumava pela vigésima vez arrumando minha beca. Sorri abertamente tentando faze - lá parar.
– Sim, estou dando adeus a esse inferno. – E me preparando para o inferno maior, o mundo real. Acrescentei mentalmente prendendo um sussurro em minha boca.


O fim dos anos dourados. O inicio da vida adulta. Trabalhar lutar para o que eu quero. Encontrar-me. Sorri ao pensar em morar fora, pagar contas, ficar fora até tarde. Sem cobrança dos pais, pagar as coisas com o meu dinheiro, namoro sem limitações. Mas meu sorriso não durou muito. A ditadura estava apenas no inicio. Soltei o suspiro que tanto prendia.
– Vamos. – murmurei levantando a barra de minha beca enquanto a fila andava.


Meu estomago parecia embrulhar a cada paço que eu me aproximava do palco, mas isso não me assustava. O que me assustava era o que aconteceria amanha e depois quando o diploma estivesse em minhas mãos. Meu medo de correr atrás do que eu quero se faria presente. Meu medo inútil e infantil seria a minha realidade.


– Joanne Marie Souza. – o diretor anunciou meu nome. Subi calmamente recebendo um abraço forte da coordenadora da turma, e depois do diretor. Não parei para fotos, sabia que meus pais não estariam ali com uma câmera.
– Joan! – sobressaltei ao ouvir o chamado de Leonarda. Virei me deparando com ela e um flash. Sorri.
– Obrigada. – falei terminando de descer os poucos degraus e a envolvendo em um abraço meio de lado.
– Você precisa de uma foto pra mostrar como nossa beca era feia pros seus filhos. – Abriu um sorriso enorme enquanto falava. E então eu podia me sentir bem, estar com Leonarda me causava esse bem estar, tranqüilidade. Sorri de volta vendo que íamos em direção a seus pais.
– Vocês estão lindas! – Sra. Marcondes falou vindo de braços aberto em nossa direção. – Venham, vamos tirar uma foto. – falou nos puxando para junto de seu marido. Deu a câmera a um senhor que estava por perto e pediu para todos sorrirem.


Era reconfortante estar ali com eles. Apesar de saber o que realmente se passava pela família, a alegria e doçura que eles passavam era como as famílias dos comerciais ou tele-seriados.


***


Em meio as risadas, ponches, fotos, e abraços se tornou exatamente fácil me esquecer de que aquele dia teria de acabar. E com o fim, teria que para casa voltar. Temia por meus pais não estarem. Temia não, sabia que não estariam. Eles nunca estavam a onde deviam estar. Possivelmente daria de cara com algum cartão postal de Manhattan me parabenizando pela formatura, e nenhum pedido de desculpa. Afinal em mente, para eles isto era o melhor para mim. Viver no Brasil perto do restante da família, enquanto eles cuidavam dos negócios - semi falidos - viajando pelo mundo.
– Ficará bem? – Leo perguntou descendo do carro de seus pais e vindo comigo até a porta de casa.
– Sempre fico. – murmurei forçando um sorriso. Não iria entristecê-la falando a verdade, não estragaria o final da noite dela com minhas lamurias.
– Me ligue ok? – me abraçou e voltou para o carro correndo. Acenei para os Marcondes esperando o carro virá à esquina.


A noite estava fria, mas gostosa. O clima que apenas o Brasil pode proporcionar na primavera. Um calor irritante, mas com uma ótima quantidade de ventos para descansar a todos. Sorri e tirei meus sapatos indo rapidamente para ao fundo de casa. Olhei para a janela de meu irmão, luzes acesas. [b]Saco![/b] Protestei mentalmente.


Subi no balanço de madeira apoiado na laranjeira mal podada. A corda apesar dos anos parecia ainda ser forte o suficiente para me aguentar. Sorri e dei um leve impulso. Meu pé escorregava pela terra baixa que cobria o quintal. Olhando por onde estava até lembrava uma casa de interior, com os tijolos em um estilo mais rústico e a terra em volta. Sorri e levantei-me. Meu corpo já reclamava das longas danças que tive, e meus pés imploravam descanso.


Entrei pela porta da cozinha batendo de frente com um buque de rosas brancas e Nathan os segurando.
– Enfim formada criança? – perguntou sorrindo torto. – Ou lhe reprovaram?
– Bobo! – murmurei soltando minha mão em seu ombro. Puxei o buque de rosas e as cheirei. Exatamente como eu tanto amava.
– Espero que não tenha reprovado. Mamãe e papai vieram de tão longe...
– Mamãe e Papai? – o cortei enquanto corria para a sala. E lá, estavam os dois. Como eu tanto quis para esse dia.
– Joanne. – minha mãe falou se levantando. Corri até ela enlaçando meus braços em seu pescoço e a prendendo em um abraço forte.
– Eu pensei que não viessem. – minha voz saia abafada por conta do abraço que prendia minha cabeça em seus ombros.
– Atrasados, mas viemos meu anjo. – meu pai falou se juntando a nós. Soltei-me do abraço de minha mãe e o abracei. – Desculpe termos pedido sua colação. – pediu baixinho em meio ao abraço.
– Não importa. Vocês estão aqui agora. – falei ainda sorrindo. Era tão fácil me esquecer da forma como hoje minha vida se tornaria mais difícil. A tanto que não os via um mês dois ou até mesmo quatro. Era extremamente importante os ter aqui.
– E trouxemos um presente. – minha mãe disse pegando uma caixinha vermelha que estava em cima do sofá.


Abri sem muitas pretensões. Mamãe sempre fora de presentes, talvez fosse coisa de mulher que viaja bastante gostar de comprar presentes. Mas a diferença, era que esse não tinha cara de ter sido comprado em uma loja qualquer em Manhattan ou qualquer outra cidade dos estados unidos ou outro país.
– Este diário, em si a capa, é passada há tempos por esta família. – sua voz saia extremamente gentil enquanto passava as mãos pelo diário de capa rústica. – E, eu deveria esperar até seus dezoito anos. Mas temo que até lá já esteja com alma de vinte ao invés de dezoito. – falou tirando risos de ambos que estavam na sala. Segurou o pequeno diário e apertou conta o peito. – Faça bom uso. E o de um titulo. – falou lançando-me um sorriso acolhedor e me entregou de vez o diário.


Analisei a capa, era rústica – como já disse – mas tinha uma aparência feminina, contendo um cadeado ao lado onde as folhas apareciam. Um cadeado em tons de rosa, que contrastava com a cor rústica de marrom e dourado da capa.


– É lindo! – falei admirada a abraçando novamente.
– Bem acho melhor nossa formanda ir dormir. – meu pai anunciou vindo me abraçar.
– Obrigada por virem. – sussurrei novamente e depois subi. Pegando em meio ao caminho até a escadaria o buque que estava nas mãos do meu irmão.
– Obrigada. – falei o abraçando.
– Sem afeto. – pediu se afastando. Ri e fui para o meu quarto.


Tratei de livrar de meu sapato e echarpe e pulei na cama abrindo o diário. Sem muita presa escrevi em letras desenhadas: Eis aqui o fim de meus anos dourados. 
Fechei o pequeno diário e tratei de tirar minhas roupas e ir tomar banho. Em mente já tinha exatamente o que escrever, e o que fazer. Pois a partir de amanha não estaria mais em meus anos dourados.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Introdução.

A estrada até os sonhos realizados é longa e traiçoeira. Pode se encontrar obstáculos que lhe farão desistir, pode se mudar os planos. Pode se perde a vida, ou ganhar outra. Não podemos governar totalmente essa estrada, afinal muitos o ajudaram a traçar ela.
Não desistir, não se apaixonar, nunca perder. Não creia que esses obstáculos não iram acontecer, pois eles, bem estarão ali presente sempre.

Joanne Marie Souza com seus dezesseis anos recém realizados e em meio a ditadura militar brasileira resolve seguir seus sonhos. Mesmo com as repreensões, dificuldade, ela quer seguir seu caminho, ser quem deseja. Todos querem governar o mundo, e ela está a procura de governa o mundo dela. O mundo que cada um tem, a sua vida.

É o meu próprio projeto
É o meu próprio remorso
Ajude-me a decidir
Ajude-me a aproveitar
O máximo da liberdade e do prazer
Nada dura pra sempre

Todos querem governar o mundo
( Tears for Fears – Everybody wants to rule the world)


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